No teatro que move minha vida, eu sou a única que consegue desfrutar de cada drama, viver cada ato, saber de todos os atores. No teatro que move a minha vida, apenas eu distingo a realidade da peça, apenas eu vivo a comédia, conheço de todas as farsas e aprendo todos os truque. No teatro que move minha vida, apenas eu conheço todos os espetáculos.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Quando estiver no lugar sem fim

Não tenho a intenção de me transformar em um fantasma acorrentado há sombras de uma vida que não existe mais, mas também não tenho a pretensão de me tornar um anjo e guardar todos vocês, desejo apenas que quando estiver em um lugar sem fim, exista pelo menos alguém que acredite em mim, que pense em mim, que se lembre de mim.
Não peço que tentem me fazer presente, só não esqueçam que eu de fato já estive. Desejo apenas ter marcado alguém, ter ajudado a construir alguém. Peço que não tenham medo de falar de mim ou citar meu nome claramente, que se lembrem do meu riso e do meu toque.
Evitem me transformar em um herói que sei que não sou, e me acrescentar qualidades que sei que não tenho, apenas me mantenham do jeito que fui, pois me basta o que sou.
Não se sintam incapazes de superar e se alguém sentir muitas saudades de mim, apenas lembre do que eu pensava, pois enquanto meu pensamento existir, eu nunca irei.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Espelho em palavras


- Eu não acredito. - Foi tudo que ela conseguiu dizer.
- Ótimo, não acredite. Não deixará de ser verdade. – Eu sorri irônica.
- Como você pode ser tão fria?
- É só o que as pessoas fazem, ok? Está na hora de você crescer.
- E me tornar como você? Não obrigada! – Ela falou com lágrimas nos olhos.
- O mundo é cruel, você vai acabar percebendo isso.
- O mundo não é cruel. Você é. – Ela rebateu, eu podia ver o medo em seus olhos.
- E eu sou parte do mundo. Seja mais sensata. – Eu dei de ombros.
- Eu não sei o que é pior – Ela dizia balançando a cabeça freneticamente - se é você fazer o que faz ou não ligar a mínima pelo o que faz.
- Não é o que eu faço. É o que todos fazem. – Eu disse acendendo um cigarro.
- Eu não faço. - Sua voz era quase um sussurro.
- Criança. – Eu revirei os olhos e saí da cozinha em direção ao meu quarto.
- Pelo menos eu não sou como você. – Ela disse sem voz.
Ela não entendia. Ela era muito ingênua para poder entender, inocente demais para entender. Sua mente infantil era rodada de coisas imbecis como sentimentalismos e emoções.
Ás vezes queria tomá-la pelos os braços, protegê-la, fazer as dores cessar. Momentos assim eram raros e duravam pouco mais que segundos, era egoísta demais para fazer algo assim, pior que isso, era medrosa demais. Se fizesse isto, as dores seriam contra mim, os riscos iria ferir a mim, a vulnerável seria eu.
Eu sabia que ela um dia ela mudaria, que um dia ela se transformaria, um dia todos se modificam para poder sobreviver. Eu já tinha sido como ela, agora ela vai ser como eu. Mas este pensamento me castigava, eu queria que ela se transformasse? Eu gostaria dela se ela não possuísse mais aquele brilho inocente no olhar? A resposta era não.
Eu a amava porque ela era o que eu tinha medo de ser. Ela era a luz, a esperança e mesmo que isso não a levasse a lugar nenhum, ela não mudava de caminho. Ela era a prova que tudo havia sentindo e que a vida não era perda de tempo.
Terminei meu cigarro lendo alguns anúncios do jornal, era como mirar um espelho sem fim e sem reflexo: Assassinato, prisão, solidão, perpetua. 

domingo, 19 de setembro de 2010

Meu bem querer

Eu queria saber te dizer algo mais que meras palavras, sinceramente, eu queria ser capaz de dar-te o que sinto, talvez assim, você acreditasse de fato neles quando pudesse senti-los e conhecer todas as suas verdades, talvez assim, você parasse de duvidar, talvez assim você chegasse a entender o quanto isso me domina.
Gostaria de dizer-te tudo que há de mais belo, recitar os melhores versos e fazer com que estes se perpetuassem em sua mente, e morassem em seu coração. Mas infelizmente não sou capaz de nada disso, então tomei o devido cuidado de escolher entre dedos o que posso fazer, o que posso te dizer. Escolhi as seguintes palavras que não são grandes ou complexas, mas são as que mais gosto de ouvir da sua boca, são as únicas que me fazem sorrir de verdade, estas são simplesmente: eu, de fato, amo você. :@


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

A ti, menina flor

Para que sejas digna de um nome como uma flor, sejas digna de não possuir-te apenas o nome, mas possua essa inteira essência de pureza que há na mais bela flor.
Que mereças este perfume que te rodeia e mereças os mistérios que há em seus toques que seduzem e encanta.
Que preenchas noites vazias com estes presentes, que não sejas egoísta e saibas compartilhar teus dons com os que mereçam.
Que sejas digna dos teus espinhos, que nos machuca em sua pressa de nos encartar. Sejas digna de suas pétalas que nos apaixona e nos faz suspirar.
Que mereças o silêncio e desfrute de suas cores exóticas. Que não sejas flor apenas em nome, e sim em sua inteira existência para assim não lembrarmos uma flor contigo, e sim nos lembrarmos de ti com uma flor.

sábado, 11 de setembro de 2010

A historia da menininha não contada


Essa é uma história de uma menina que nunca chorou por amor, nunca sentiu seu coração despedaçar. Uma história sobre uma menina que nunca sorriu de verdade, mas vive sorrindo. Uma historia sobre uma menina que nunca sentiu o pavor percorrer suas veias, que nunca mordeu o lábio por nervosismo. Uma historia sobre uma menina que nunca se perguntou se ele a queria, nunca se perguntou quem não conseguiria.
É a história da menina que aprendeu a calar seus olhos. De uma menina que deixou seu toque uma arma mortífera e deixou seus sonhos de criança na infância. É a historia de uma menina que deixou de ter medo de falar quando finalmente disse "papá". Essa é uma história diferente de tantas outras... É uma história fria, confesso... Mas talvez, um casaco resolva este problema.
É uma história sobre desejos e nada mais profundo que isso, mas nada é tão superficial assim. Ela é só aquela menininha que peca mais que é abençoada, aquela que nem acredita nisso... É aquela história onde a mocinha é a principal vilã, onde há mais defeitos que qualidades... É só aquela menininha.
Ela não se vê comovida com lagrimas e ri de qualquer coisa que possa demonstrar sentimentos, é tão tolo. É uma história onde ela dá a mão, mas não chegue a esperar mais que isso. É uma história que ela leva sempre mais do que deixa. É uma história que poucas coisas permanecem em seu lugar de origem e ao escutar isso, você é capaz de escutar a risada de sino dela soando.
Uma história divertida para ela, uma história feita de jogos... Ela brinca e sabe brincar. Ela brinca tão bem que faz todos brincarem com ela de acordo com suas próprias regras, porque pra ela, tudo é apenas um jogo. É uma menina livre, e será assim por um bom tempo, mas não é irresponsável, antes que você pense que fosse.
É uma menina que não dança conforme outras músicas, que não espera por outras pessoas, que não anda quando pode correr, que não demonstra enquanto pode fingir.
É uma menina tão livre que ela sempre acaba percebendo que esta só e isso não a incomoda.
É uma menina que acha todo mundo meio de plástico, todo mundo meio falso, todo mundo meio burro e todo mundo meio bobo... É uma menina sorridente. Mas ela é apenas uma menina...
Nunca ninguém a decifra. Uma menina que grita com o prazer da velocidade e uma menina que adora sentir o medo pulsando em suas veias. Não gosta do certo, e com qualquer coisa fica entediada. Não gosta quem enrola e não gosta quem faz drama.
Uma menina que constrói sonhos apenas do real e a ilusão é para os que não conseguem colocar os pés no chão. É uma menina cética que vive de regras.
Deve ser apenas mais uma estória no meio de tantas outras... Mas não a culpe. Ela é o que o mundo exigiu que ela fosse.
Vou me proibir a contá-la. No fim, poucos iriam parar para ler, poucos iriam entender e poucos gostariam, aliás, a realidade sempre machuca e assusta.